domingo, 25 de setembro de 2022

ABORDAGENS EM LÍNGUA INGLESA ATRAVÉS DOS DESCRITORES DE LÍNGUA PORTUGUESA (PRIMEIRA PARTE)

Caro(a) professor(a),

o texto que aqui se apresenta pretende indicar possibilidades de uso dos descritores de língua portuguesa através do componente de língua inglesa. Não é nosso intento aqui sublimar o componente de língua inglesa, apenas compreendemos que as abordagens nas estruturas linguísticas da língua portuguesa, elementos potencias na construção de sentidos do texto, são melhor detalhadas e apresentam uma compreensão mais profunda e contextualizada, tanto do uso social da linguagem, quanto das estruturas semióticas que geram sentidos.

    As diferenças de abordagens que se detalham de maneira muito breve aqui, tem sua justificativa, assim pensamos, nos objetivos de uso dos dois vernáculos. É imperativo que o falante domine com maestria primeiramente sua língua materna, só então é possível conceber o uso de uma segunda língua. Isso se torna mais perceptível quando se faz comparações entre duas habilidades das duas matrizes curriculares como se observa abaixo:

EIXO ORALIDADE

LÍNGUA PORTUGUESA:

(EF69LP13): Engajar-se e contribuir com a busca de conclusões comuns relativas a problemas, temas ou questões polêmicas de interesse da turma e/ou de relevância social.

LÍNGUA INGLESA:

(EF06LI01): Interagir em situações de intercâmbio oral, demonstrando iniciativa para utilizar a língua inglesa. 

(BNCC, 2018)

    Ao comparar as duas habilidades percebe-se que no eixo oralidade a complexidade na língua portuguesa é maior, pois indica até um possível contexto de aplicação proposta. Outro ponto interessante a se ressaltar é o verbo "Engajar-se" que pressupõe um posicionamento mais acentuadamente crítico se comparado ao verbo "Interagir" que dá início à descrição da habilidade em língua inglesa. Essas diferenças ficam evidentes se a análise, aqui resumidamente apresentada, for feita ao longo da matriz curricular nacional. 

    Feitas essas breves considerações, propõe-se aqui uma estratégia de abordagem em língua inglesa através de alguns descritores de língua portuguesa, notadamente os que figuraram com menor desempenho de acordo com as últimas avaliações municipais realizadas no ano de 2022. Na figura abaixo é possível visualizar as duas matrizes curriculares (Português e Inglês) que se complementam entre as habilidades deficitárias e habilidades próprias da língua inglesa.  

 

    A partir deste ponto serão propostas breves reflexões acerca de cada descritor de língua portuguesa e abordagens em língua inglesa, assim como sugestões de abordagens metodológicas em sala de aula.

  • Descritor 2 – Inferir informação em texto verbal. 

    De maneira resumida segue breve definição do verbo inferir:

    "Raciocínio concluído ou desenvolvido a partir de indícios, de pistas, de sinais, de vestígios: a dedução é um tipo de inferência."https://www.dicio.com.br/inferencia 

     Ou seja, inferir é deduzir. Descobrir o que não foi dito no texto través do que está dito. Um exemplo muito simples pode ser feito para ilustrar o que estamos definindo:

    "Na garagem de Marcos há carros azuis, vermelhos e brancos."

   As informações explícitas são as  referentes às cores dos carros de Marcos. Podemos inferir da frase acima que na garagem de Marcos não há carros pretos, ou verdes. Apesar dessa informação não estar descrita do texto, é possível inferi-la a partir do que está dito no texto.

   Com a ajuda do professor, através de perguntas constantes, o estudante é levado a desenvolver esse raciocínio de dedução até que isso permaneça como um hábito de raciocínio. Esse esquema mental, próprio do pensamento complexo, é perfeitamente possível de ser feito em língua inglesa  e na verdade, enquanto professores, cotidianamente, fazemos isso com os estudantes sempre que os questionamos sobre o objeto de estudo em cada disciplina. 

    Interessante notar que Sócrates já fazia isso em sua escola de pensamento no que ficou conhecido como Maiêutica Socrática, que nada mais é do que encontrar as respostas dentro de si mesmo através do ato constante de questionar.

  • Possíveis abordagens em língua inglesa estimulando as inferências: 


   Os textos multimodais (Textos com mais de uma forma de comunicação) se constituem em excelentes meios de se trabalhar as inferências. Seguindo o que propomos acima recomenda-se, antes de partir para o texto escrito na charge, os seguintes questionamentos:

    - O que a mulher pode estar falando ao telefone? (Anotar as primeiras percepções)
    - O que a expressão da menina pode indicar?
    - Onde se passa a cena da charge?
   - Na imagem há dois planos (Explicar o conceito de planos) quem está no plano de fundo? Quem pode ser essa pessoa?
   - O que suas roupas parecem demonstrar? Por que ele está segurando uma arma? Como poderíamos descrever a personalidade dessa pessoa?
    - O que há de diferente no rosto da mulher?
    - Repetir a pergunta feita no início e comparar as respostas.
    
    O que se pretende é levar o aluno a apurar o olhar. Compreender que tudo que ele vê na charge, além do texto, compõe o sentido global da mensagem. Recomenda-se não dar nenhuma resposta antes que todo o trabalho de inferências e ativação de esquemas mentais de leitura, sejam feitos. Abaixo seguem outras charges cujo tema comum é a violência e que podem suscitar interessantes discussões após esse primeiro momento. 



  • Descritor 3 – Inferir o sentido de uma palavra ou expressão. 
    Como leitores maduros que somos, sabemos que as palavras adquirem significados diferentes dependendo do contexto em que são inseridas. Veja por exemplo as diferentes conotações da palavra "cabeça" em dois contextos diferentes:

    - Maria cortou a cabeça.
    - Maria é a cabeça da turma.

    As palavras não tem significados fixos e o livre uso da língua, por parte de quem sabe "brincar" com as mudanças de sentido de uma palavra ou expressão, deve ser compreendido por nossos alunos. Assim sendo, segue um exemplo de atividade em língua inglesa em que se explora o que seria o princípio dessa habilidade. A complexidade que se apresenta na língua nativa no trato com essa habilidade deve ser abordada progressivamente em língua inglesa:



Disponível através do link: https://englishlinx.com/context_clues/    

    É interessante notar que quem dará a resposta do sentido da palavra é o contexto no qual ela deve se inserir. A atividade pode ainda servir apenas de modelo para que você professor, conhecedor do nível de seus alunos, possa adaptá-la ao seu público. No link acima é possível encontrar e baixar atividades em três níveis: básico, intermediário e avançado, além de diversos outros tópicos.

  • Descritor 6 – Distinguir fato de opinião relativa ao fato
    Nem tudo que está escrito é fato. Opiniões e fatos se misturam nos textos de maneira que leitores não maduros são levados a pensar que as informações, somente por estarem escritas são fatos. Diferenciar o que é fato do que é mera opinião é uma habilidade necessária ao que buscamos enquanto formadores de leitores críticos.
    No trato com essa habilidade (Ou descritor), é necessário alertar os alunos de algumas características próprias dos fatos ou das opiniões.

    1. Fatos, quando acompanhados de adjetivos, são sempre adjetivos de características físicas, veja:
    - O carro de Maria é vermelho.
    - O carro de Pedro é azul.
    - A casa de Joana é velha.

    As frases propostas são fatos caracterizados por adjetivos fisicamente descritivos. Não há juízos de valor nessas descrições, o que por sua vez não permite que alguém refaça as frases de acordo com sua vontade ou desejo. 

    2. Já nas opiniões, os adjetivos que por ventura aparecerem, são adjetivos de valor, veja:
    - O carro de Maria é bonito.
    - O carro de Pedro é charmoso.
    - A casa de Joana é atrativa.
    
    Nas frases propostas, por serem opiniões, é possível que alguém as refaça modificando as características, já que se trata de percepções muito subjetivas, por exemplo:
    - O carro de Maria é feio
    - O carro de Pedro é sem graça.
    - A casa de Joana é repulsiva.

    É possível trabalhar essa habilidade em língua inglesa? Sim, possível e necessário. Há atividades em língua inglesa para isso? Muitas. "Fact and opinion activities", veja:

Disponível através do link:  https://www.liveworksheets.com/worksheets/en/English_as_a_Second_Language_%28ESL%29/Fact_or_opinion/Facts_or_Opinions_to1310643na









Nenhum comentário:

Postar um comentário